Traição

E aí pessoas, como vão?

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Vocês sabiam que existe uma coisa chamada traição que acontece com todo mundo, desde o início dos tempos em que o homem necessitava se aliar a outros homens, formando tribos para caçar e sobreviver, e nessas caças realizar a tão justa “repartição” de alimentos? Sim, é claro que sabiam!

Como não se dar conta de que, obviamente, naquele tempo, os seres humanos, vulgo homo sapiens, se traiam de maneira mais comum hoje em dia? Me refiro à caça, à busca astuta pela sobrevivência e ao modo de convivência.

Quem mais, se não o próprio homem, não teria o dom do coletivismo preponderante em uma sociedade? Há pessoas que dirão alguns nomes e raças de animais, mas isso não vem ao caso. A verdade é que o homem é influenciado tanto pelo seu meio cultural quanto pelas suas ideologias, Max Horkheimer e Theodor Adorno pensavam assim, e eles não eram/são pouca coisa.

Me refiro à cultura como verdade e à ideologia como espécie de meta a ser atingida.

A cultura do homem, nos tempos ditos das cavernas pré-história, era baseada numa simplicidade incrível: acordar, caçar, comer, cagar necessidades fisiológicas, reservar comida, brigar, dormir, acordar, caçar, comer… um ciclo rotineiro e vicioso (sim, esse ciclo ainda existe até hoje, mas de maneiras e formas diferentes).

Agora, o que isso tem a ver com traição? Já pararam pra pensar que, quando se trata de sobrevivência, a tendência humana não é se “humanizar” mas sim se “salvar”, individualmente? Um ser que tem amor à vida, tem amor a si mesmo, ao seu jeito de ser, às suas opiniões e decisões.
O individualismo é, indiretamente, a base de uma traição. Basta você pensar em si, e em mais ninguém, e terá consigo uma espécie de traição passiva, guardada nos confins do seu “Eu” como gestor de seus pensamentos. Acredito que essa seja a base de qualquer tipo de traição, desde as mais pequenas como o “não dividir” de comida com seus parceiros de tribo, que caçaram e se arriscaram pela sobrevivência do grupo como um todo, como também a traição conjugal que, para mim, é a pior.

A sociedade costuma fomentar intrigas, mesmo elas não existindo. E a intriga pode ser dada de qualquer maneira, desde os primórdios de um contra-argumento até o atingimento da região escapular ideológica de alguém que se negue a flexibilidade de pensamentos, alguém fechado e que não aceite a opinião alheia.
Intrigas são, sem mais delongas, o motivo comum para que haja uma traição mútua, tanto do traidor como do traído. Basta ter um motivo que atraia a inimizade entre os seres para que haja uma má-formação de ideias, causadoras do pré-conceito do que é melhor tanto para si, quanto para o outro.

Falo de traição num aspecto mais filosófico e científico pois essa é uma questão que deve ser discutida por mais alguns séculos em consultórios psiquiátricos para o fortalecimento e o amadurecimento da mente, em salas de filosofia e sociologia para o esclarecimento e o entendimento das razões que nos levam a cometer tal suicídio mental e em tribunas judiciais para o julgamento precavido de traidores incontestáveis.

Também há a traição íntima, a traição de si mesmo, em que o indivíduo leva a crer que não merece a vida de conforto que tem, não merece luxo algum, mesmo não havendo conforto e/ou luxo. Essa traição é mais conhecida como arrependimento.
E quem nesse mundo não se arrependeu, se arrepende e se arrependerá de muitas coisas que já foram, estão acontecendo e que ainda virão? É mais um motivo para crermos que a raça humana é perfeita sim, pois nela há de tudo, e quando eu falo de tudo estou me referindo às qualidades e aos defeitos, pois uma qualidade corresponde a um defeito, assim como um defeito corresponde a uma qualidade, e assim sucessivamente. Somos seres completos, que se diferenciam de outros pelo dedo polegar opositor e pelo encéfalo altamente desenvolvido, mais conhecidos como dedão e cérebro, respectivamente. Nossas diferenças se encontram em nossos fenótipos e genótipos, externo e interno, corpo e alma, aparência e essência.

Todos somos traidores a partir do momento em que reconhecemos os nossos erros e nos deixamos levar pelo arrependimento, pois para haver um arrependimento é necessário que haja um erro, e um erro é, nada mais nada menos, uma traição de seus princípios.

Escrevo meus pensamentos em algum lugar para poder arquivá-los e reavaliar-los em contra-partida, em algum momento em que eu achar necessário, pois sei que não me controlo por inteiro, e meu cérebro me trai, não arquivando o que ele mesmo julga necessário e fundamental para mim, como o gabarito de uma prova que ainda irei fazer, por exemplo.

E quem nunca traiu, e quem nunca foi traído? Você pode responder “eu” agora, com toda a certeza do mundo, achando que a razão você tem. Mas essa é uma questão para ser respondida individualmente, para si mesmo, enquanto está à beira-da-morte, enquanto a sua vida passa num flash.

A humanidade é assim, nós somos assim. Traidores de corpo e alma, que se entregam ao prazer e se curvam diante dos erros pois, segundo a maravilhosa, bem escrita e famosíssima bíblia, o rei dos reis nos permitiu que errássemos, e a sua morte (que aliás, foi resultado de uma traição) foi dada para isso, para que erremos, de livre e espontânea vontade.

Mas há um porém: todos pagaremos no final.

Bonus features: Todo lado ruim, tem um lado bom.
ImagemSee Ya!

4 comentários sobre “Traição

  1. A traição vem da nossa baixa capacidade de resistência ao desejo. Do neadertal que queria toda comida para si, até o homem que trai a mulher, o impulso é basicamente o mesmo.
    Desejar é inerente às espécies. De um modo ou de outro, todos desejamos e os desejos são mais elaborados de acordo com as possibilidades de cada qual. Entretanto, o homem é aquele que detem maior potencial de não-resposta ao desejo. Desejo pode ser basicamente instinto; resistir a ele, é atitude da inteligência. E para resistir-lhe, possuímos diversos recursos, mais ou menos utilizados ou discutíveis.
    O fato é que, não obstante o desejo seja inerente ao ser humano, é a resistência a ele que nos faz passíveis de ser melhor que nós mesmos… Se alguém nunca traiu, dificilmente jamais teve o desejo de o fazer, em uma ou outra instância… A questão que se impõe, então, não é porque trair, mas porque não o fazer. Por que não negar os próprio ideais? Por que não jogar fora a relação construída? Por que não quebrar aquela confiança? Por que não desistir de quem se é e não descer mais abaixo do que se está? Relação custo / benefício, como na traição, entretanto, com as objetivas mais ampliadas agora! Porque, no fundo, somos todos apenas nós mesmos, e o mesmo impulso que justifica uma traição, justifica a resistência a esse impulso. Tudo é uma questão de direcionamento!

    1. Concordo plenamente com o que você diz, e a traição nada mais é que um instinto não-superado, onde o traidor se deixa entregar pela vontade do momento. Obrigado pelo comentário, espero que volte sempre!

  2. theoramos disse:

    Interessante, motivo de se pensar em muitos seguimentos da vida….. As vezes um simples pensamento pode nos levar a varias desvirtuosidades como ser humano e nos fazer imaturos e primitivos…. Ao ponto de vista critico sobre o assunto… Tenho uma opinião formada… Traição, seja ela qual for das situações expostas por nosso amigo no post, ainda assim parte de um julgamento humano, que as vezes por ser falho, leva em consideração princípios ilusórios e de auto flagelação…. Um exemplo: Estou no Marrocos neste exato momento e, observando a cultura local… Vejo com clareza o que a influência pode ser majoritária nos julgamentos ilusórios da raça humana, nestas bandas de cá, mesmo com posição firme e caráter incontestável, os locais são obrigados se dividir entre espinhos e rosas, sendo que sabendo o que é certo, geralmente procuram o incerto… Concluindo… Se eu sei que o proposito humano é evoluir, por ainda insisto em fazer coisas primitivas…. Isso é traição de meus princípios ou auto-flagelação? A regressão da humanidade, é a ignorância!

    Ao Autor parabéns pelo excelente post….

    Um Abraço…..

    1. Olá, Theo. Muito obrigado pelo teu comentário.
      Saibas que gosto assim, de ver que há não apenas leitores aqui, mas também pensadores, críticos (no bom sentido) e avaliadores de opiniões, mesclando seus entendimentos ao que aqui é postado.
      É interessante notar o quão somos capazes de fazer da vida uma contradição mirabolante, da qual se cria uma realidade alternativa e paradoxal.
      E, respondendo à sua pergunta, creio que o ser humano, por mais culto ou mais primitivo que seja, tente mesclar, de alguma forma e com atitudes que cabem a ele decidir, o que aí está enraizado e o que está por vir como novidades.
      Pode-se dizer que uma coisa consiga e possa levar à outra, havendo uma traição de princípios e uma autoflagelação tremenda.
      Acredito ser ignorância da nossa parte optarmos por mantermos no Status Quo, mas há que se entender que é de cunho humano a prática do conservacionismo; As coisas precisam de tempo, e tempo elas terão.

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